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Aquele Apelido

  • Foto do escritor: Bruno César Vieira
    Bruno César Vieira
  • 15 de fev. de 2013
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de fev.

— Meu nome é Rodolfo, mas pode me chamar de Pringles!


Apelidos estranhos sempre fizeram a garota pensar. Ter um apelido legal é o que te diferencia de quem não tem apelidos legais ou, pior ainda, de quem não tem apelido nenhum. No fim das contas, um apelido faz parte da sua identidade, da sua história e da sua vida.


Sentada naquela cadeira de um restaurante chique qualquer da cidade, ela começou a refletir sobre sua adolescência e todos os apelidos que mais a marcaram.


Havia um garoto a quem chamavam de Suicida, porque diziam que ele havia tentado se matar algumas vezes, mas, pelo jeito que ele andava pela escola, parecia que isso não havia dado certo. Na verdade, ele nem era tão interessante assim, mas sempre atraía atenção, com medo de que ele tentasse novamente, e dessa vez conseguisse.


Também havia a Abelha. Era uma menina baixinha e gordinha, meio insuportável, que sempre estava comendo um doce e fazendo fofocas para as amiguinhas. Ela sentia saudade do Trator, apelido que ele havia ganhado depois de dormir na casa de alguns colegas.


Pensando bem, ela percebeu que não se lembrava do nome de ninguém, apenas dos apelidos. Sempre lembrava do Betão e jurava que seu nome era Roberto, ou Aberto, mas no dia da formatura descobriu que seu nome era Bruno.


— Mas por que te chamam de Pringles?

— Sei lá, sempre me chamam assim.


Nesse momento, ela sentiu o cheiro da mentira. Ninguém o chamava de Pringles, mas ele insistia nesse apelido para parecer descolado. Afinal, Rodolfo não era lá um nome muito legal.


Mas essa ideia de inventar apelido nunca fez muito sentido para ela. O apelido tem que vir de alguma característica sua, e quem deve escolher o apelido é o próprio grupo de amigos, não você mesmo.


Ela não gostava disso. Só aceitou sair com ele porque sua irmã tinha insistido muito. Tinha acabado de sair de um relacionamento e talvez conhecer novas pessoas realmente fosse bom. E, se ela não saísse com ele, sua irmã arrumaria outro, e outro, e outro. Quando falou sobre ele, ela não o chamou pelo apelido, mas pelo nome. Isso significava que ninguém além dele mesmo o chamava de PRINGLES, e isso a incomodava.


— Ele é um cara legal. Tem um emprego fixo, está ganhando muito bem, já é formado e, além disso, é um gato. Engraçado e muito ‘gente boa’, aquele tipo de pessoa com quem você gosta de estar sempre por perto... Ele tem uma simpatia que nunca vi antes. — Foi o que sua irmã disse. Ou seja, ele parecia ser um bom partido. Mas, para a garota, havia coisas que iam além do "simpático, rico e bonito".


Ela sempre quis ter seu próprio apelido. Sonhou a infância toda com alguns nomes que via em filmes ou que lia em livros, mas no final sempre acabaria com aquele apelidinho sem graça. São regras da vida, e ela não podia mudar isso. Logo, não achava justo o que ele estava fazendo.


Ela entendia que era uma forma carinhosa, mas isso dava um ar infantil ao que já era. Muitas vezes perguntavam a ela se realmente era maior de idade, pois, pelo seu tamanho e rosto de criança, parecia mais jovem. Mas, para ela, ter o diminutivo do nome como apelido era tão triste quanto não ter apelido algum. E ela não gostava disso.


— Mas e você, moça? Qual é o seu apelido?

— Eu não tenho apelido — mentiu.

— Posso te chamar pelo seu diminutivo então?

— Não.


A moça pegou suas coisas e foi embora.

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