ARTE DA PÓS | 1.Conceitos da Edição
- Bruno César Vieira
- 6 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de fev.
Segundo a Wikipédia,
Montagem ou edição é um processo que consiste em selecionar, ordenar e ajustar os planos de um filme, a fim de alcançar o resultado desejado - seja em termos narrativos, informativos, dramáticos, visuais, experimentais etc.
A edição é o único processo que transforma um filme em filme.

Todas as outras etapas audiovisuais derivam de outras formas artísticas, como escrita, fotografia e cenografia. Contudo, é na edição que tudo converge: desde a escolha dos planos na pré-produção até a finalização com efeitos sonoros na pós-produção.
1.1. Edição x Montagem
A diferença entre os termos “montagem” e “edição” é apenas etimológica. “Montagem” vem do francês (montage), enquanto “edição” vem do inglês (edition). Ambos significam a técnica e a arte de dar forma definitiva a um produto audiovisual.
Nos processos antigos, como a moviola, o termo “montar um filme” fazia mais sentido, pois o montador literalmente cortava e colava trechos do filme manualmente. Já “edição” surge com ferramentas digitais e reflete as demandas do mercado atual, onde o editor vai além do corte, assumindo funções como ajustes de áudio, efeitos visuais e correção de cor.

Embora a edição seja, em seu núcleo, um trabalho técnico, o editor também exerce um papel criativo. Ele comunica intenções, transmite emoções e trabalha com camadas de imagem, história, diálogos, música e ritmo. Em muitos casos, o editor "reimagina" e até reescreve o filme, criando um todo coeso.
1.2. Edição Invisível x Edição Transparente
A edição pode ser realizada de duas formas principais:
Invisível: Flui naturalmente, permitindo que o espectador mergulhe na narrativa sem perceber o trabalho de edição. É comum em filmes de ficção.
Transparente: Evidencia o trabalho do editor, com uma edição que comunica intenção. É mais utilizada em documentários, filmes artísticos e publicitários.

1.3. Tipos de Corte
Os cortes mais comuns na edição audiovisual são:
Hard Cut: Corte seco, muito utilizado em TV e diálogos.
Jump Cut: Popular na internet, corta no mesmo take para avançar o tempo.
J Cut: O áudio do próximo take começa antes da imagem aparecer.
L Cut: O áudio da cena anterior continua enquanto a nova imagem é exibida.
Cutaway: Corte para um detalhe que reforça a cena principal, adicionando carga emocional.
Cut on Action: Corte feito durante a ação, ideal para cenas de movimento intenso.
1.4. As Seis Regras do Corte
Walter Murch, editor de Apocalypse Now e O Poderoso Chefão e autor do livro "Num Piscar de Olhos", define as seguintes regras para cortes eficazes:
Emoção (51%): O corte deve seguir as linhas emocionais da história.
História (23%): O corte deve sempre valorizar a narrativa.
Ritmo (10%): O ritmo transfere a emoção desejada e está intimamente ligado à narrativa.
Linha do Olhar (7%): Cada corte deve direcionar o olhar do espectador.
Planaridade (5%): Respeitar o movimento de câmera e a fluidez visual.
Tridimensionalidade (5%): Manter a continuidade espacial, respeitando o eixo de 180°.
1.5. Outras Regras
Para um entendimento mais aprofundado, é essencial que o editor conheça outras regras cinematográficas, como:
Plano de Estabelecimento: Introduz o contexto da cena.
Regra dos 180º: Mantém a continuidade espacial em diálogos e cenas.
Alinhamento do Olhar: Direciona a interação entre os personagens.
Plano/Contra-Plano: Alternância de ângulos para diálogos e ações.
A edição é onde o caos se torna arte, onde histórias ganham vida e emoções encontram forma. É a ponte entre técnica e criatividade, o ato de moldar o tempo e a narrativa. Invisível ou transparente, ela fala ao coração do espectador, guiando olhares, ritmos e sentidos. Com cortes precisos e regras que respeitam a alma do cinema, o editor não apenas monta um filme, mas reescreve o mundo em cada quadro.
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